Paris convoca embaixador italiano após comentários "inaceitáveis" de Matteo Salvini

A França convocou a embaixadora da Itália na França, Emanuela D'Alessandro, "após comentários inaceitáveis" feitos pelo vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini contra o presidente Emmanuel Macron por seu apoio ao envio de tropas para a Ucrânia.

"O embaixador foi lembrado de que essas observações vão contra o clima de confiança e a relação histórica entre nossos dois países, mas também contra os recentes desenvolvimentos bilaterais, que destacaram fortes convergências entre os dois países, particularmente no que diz respeito ao apoio inabalável à Ucrânia", disse uma fonte diplomática à AFP, confirmando informações da rádio France Inter.

Há vários dias, o líder de extrema direita italiano vem criticando o presidente francês nas redes sociais e durante suas viagens sobre seu plano de enviar um "Exército de Voluntários" à Ucrânia para garantir o futuro cessar-fogo entre Kiev e Moscou.

Questionado durante uma viagem a Milão sobre o possível envio de soldados italianos para essa força de segurança, como o Reino Unido também considera fazer, o ministro dos Transportes sugeriu que Emmanuel Macron "fosse ele mesmo para lá". "Macron deveria embarcar no trem. Vestir o capacete, o casaco, o fuzil e ir para a Ucrânia", repreendeu Salvini. Segundo o La Stampa , o Palácio do Eliseu aguardava uma reação de seu aliado italiano, que a primeira-ministra Giorgia Meloni ou o ministro das Relações Exteriores Antonio Tajani se distanciassem do provocador Salvini, e teria ficado decepcionado por não ver nada acontecer.

O líder do partido anti-imigrante Liga já havia chamado o presidente francês de "louco" em março, acusando-o de empurrar a Europa para a guerra com a Rússia. E em junho de 2024, ele divulgou uma fotomontagem do presidente francês em uniforme de combate e armado com um fuzil de assalto.

Esta não é a primeira vez que o populista, próximo de Marine Le Pen, ataca Emmanuel Macron. Em 2019, as tensões eram tão altas que Paris chamou de volta seu embaixador na Itália , Christian Masset. Na época, Matteo Salvini, o ministro do Interior que estava em conflito com a França sobre a questão do acolhimento de migrantes, havia expressado repetidamente seu apoio aos "Gilet Gialli", enquanto o vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio se reuniu com os Coletes Amarelos e os exortou a "não fraquejar" diante do Executivo.